JOÃO OSÓRIO
Director Executivo da CPPME e Presidente da APERSA
Painel: O TRABALHO – Almada Local de Trabalho
Auditório 1
Tema:
Criação de
Novas Empresa e Novos Negócios, uma Experiência
de Participação e Proximidade
Chamo-me João Osório, sou gerente da ADA e estou aqui como
Presidente da APERSA – Associação de Pequenos Empresários da Região de Setúbal
e Alentejo.
Não quero deixar de agradecer o honroso convite que o Sr.
Presidente da Câmara, Dr. Joaquim Judas, me dirigiu para que fizesse parte
deste painel, de que fazem parte tão prestigiadas figuras Almadenses.
Permitam-me iniciar a
minha prestação indicando um pouco do que são e representam as Micro, Pequenas
e Médias Empresas.
Como é sabido são estas, e os seus trabalhadores, os maiores
criadores de riqueza do país.
Já que o tecido empresarial é composto de 98% destas empresas
e que, de cada 4 trabalhadores, 3,5 são de micro e pequenas empresas e
produtoras de 78% de riqueza nacional.
No entanto o Poder Central esmaga-as com pesados impostos que
aterrorizam, quer os micro e pequenos empresários, quer os seus próprios trabalhadores.
Ora vejamos o nome de alguns destes impostos: IVA, IRS, IRC,
PEC, PPC, Tributações autónomas e outras centenas de encargos, que me escuso
aqui de enumerar, dada a sua complexidade, entendida, na grande maioria, apenas
por Técnicos de Contabilidade e Fiscalidade.
As PME´s, impossibilitadas de aceder aos tão apregoados
Fundos Comunitários Portugal 2020, por estes serem direccionados às
Multinacionais, já que são estas que possuem Sociedades de Advogados
especializadas nesse tipo de candidaturas, confrontam-se ainda com a
impossibilidade, devido às suas fragilidades administrativa e financeira, de
aceder a Créditos Bancários, não só para Fundo de Maneio como para
Investimento.
Ao contrário, as Multinacionais são favorecidas quer pelo
Estado, com perdões fiscais, quer pelas Instituições Bancárias que lhes
concedem crédito facilitado, na maioria das vezes de forma ilegal e resultando
em investimentos ruinosos, como temos tido ocasião de assistir aos Inquéritos
Parlamentares, e que nos entram diariamente em casa através dos órgãos de
comunicação social.
Posso dar um pequeno exemplo de como as PME´s são empurradas para fora da competitividade – vejamos o que
lhes é exigido por leis de governos de direita num Concurso Público:
·
Registo pago nas seis plataformas
electrónicas de contratação pública para ser notificado diariamente dos
anúncios de procedimento;
·
Aquisição de
um certificado digital qualificado; o Aquisição de selos temporais;
·
Funcionários administrativos especializados na
elaboração das propostas;
·
Apoio Jurídico o Garantia Bancária ou Caução
entregue em numerário em Instituição Bancária ou Seguradora, que pode ir até
10% do valor a concurso. Vejamos outro tipo de exemplo de como as
multinacionais destroem as micro e pequenas empresas e levam ao desemprego os
seus trabalhadores tornando-os presas fáceis para os seus desígnios de
enriquecimento fácil.
·
A Lisnave para despedir os seus trabalhadores mais
facilmente, tratou de os convencer a constituírem-se como “ empresas de
empreiteiros “ e que com estas condições seriam contratados para reparar os
navios o que aconteceu durante anos. A Lisnave já na posse de listagens de quem
era quem, nesta actividade e com trabalhadores altamente especializados, com a
justificação que estas empresas de empreiteiros eram ilegais convenceu-os a
constituírem-- se em empresas de trabalho temporário.
·
Estes
empreiteiros em número de 16, acordaram em juntarem as suas sinergias e
constituírem uma empresa de Trabalho Temporário para que eles e os seus
trabalhadores não perdessem os postos de trabalho, avançaram para constituição
duma empresa de trabalho temporário. Requisitos necessários: Gabinete com os
seguintes funcionários; (contabilistas, administrativos, apoio jurídico e um
Director com experiência e provas dadas em gestão de empresas)
·
A APERSA empenhou-se no apoio a estes micro e
pequenos empresários e conseguiu que estes formassem uma equipa reconhecida
pelo IEFP e constituíram uma empresa de Trabalho Temporário, para que lhes
fosse autorizada a entrega do Alvará. Ultrapassadas as dificuldades impostas
pelo IEFP, viram-se estes pequenos empresários impedidos de alcançar os
objectivos ao lhes ser imposta a obrigatoriedade de fazerem entrega de 135.000
Euros em dinheiro para que o Banco lhes pudesse entregar a garantia bancária.
·
Resultado: Meses de trabalho insano com gastos
em dinheiro inquantificáveis. Desistência e falência das suas empresas, e
entrega dos seus trabalhadores com conhecimentos saberes e longos anos de
experiência à multinacional TECOR de quem ficaram dependentes e com salários de
miséria Travar os micro e pequenos empresários para que as Multinacionais não
tenham concorrência.
·
Para dar resposta a estas exigências, tão
desconformes com a realidade, serão necessárias novas ideias, tendo a APERSA
dado os primeiros passos, nomeadamente fazendo parcerias com as Universidades
de Évora, do Algarve e Autónoma, com os Institutos Fernando Pessoa e PIAGET
inovando de forma a tornar os jovens universitários conhecedores de como saber
fazer reunindo a teoria à prática.
Este êxito encorajou-nos e avançámos com novas Parcerias, mas
com Escolas Secundárias, nomeadamente com a Manuel Cargaleiro, no Seixal, indo
de encontro às necessidades do Comércio Local.
Sabendo-se que a modernização do comércio começa pela
utilização de ferramentas informáticas, nomeadamente Programas de Facturação,
como exigido pela Autoridade Tributária, a parceria incluía GRATUITAMENTE a
instalação de software e a formação aos Professores envolvidos no Curso.
Tendo resultado na instalação em 34 computadores da escola,
software de facturação, gestão de stocks e financeira, e a formação dos oito
professores para que a disciplina deste curso decorra de forma harmoniosa e, a
exemplo dos universitários, estes alunos sejam conhecedores de como saber
fazer, reunindo a teoria à prática e enfrentando com segurança o mundo do
trabalho, onde tão necessários são para dar pujança e vida ao comércio local.
Este primeiro passo é importante, mas outros terão de ser
seguidos.
Nomeadamente:
Encontrar formas de envolver as Associações e Colectividades
no sentido de, com o apoio da Autarquia, trazer as actividades culturais
desportivas e recreativas, nomeadamente a dança, a música, a pintura e o
desporto para as ruas, atraindo a comunidade Almadense, de volta às ruas,
criando vida própria tão necessária para que Almada não desfaleça e agonize.
Estariam então criadas as condições para que as PME´s
pudessem:
·
Aumentar a competitividade de forma a enfrentar as
grandes superfícies;
·
· Diminuir o
custo da Produção/Trabalho, dada a formação de excelência recebida nas escolas,
em conformidade com a teoria reunida à prática.
Resultando numa organização em condições de negociar com o
Poder Central, novas políticas, que defendam os Micro e Pequenos Empresários:
· A regulamentação de novos horários
de funcionamento;
· O acesso facilitado ao
financiamento, e;
· Encontrar uma forma de pagamento
ajustado dos impostos e encargos devidos pelas micro e pequenas empresas, uma
vez que são estas que contribuem para a sustentabilidade do país criando 78% da
sua riqueza, aliás como inicialmente indiquei.
Posto isto, não tenho dúvidas que os jovens saídos das
escolas, com esta formação de excelência e firmemente apoiados pela Autarquia
teriam condições de empreender, constituindo novas empresas e novos negócios.
Este trabalho, feito em conjunto e coordenado pela Autarquia,
irá originar um maior desenvolvimento do concelho e alcançar os objectivos
deste Congresso.
Obrigado pela vossa presença e desejo-vos a continuação de um
bom fim-de semana e com as saudações
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