EXPOSIÇÃO
Sobre
o Comércio Local, Restauração e Serviços na BAIXA / CHIADO
Exmo. Senhor
Primeiro. Ministro de Portugal
Exmo. Senhor
Presidente da Câmara Municipal de Lisboa
A Confederação Portuguesa das Micro, Pequenas e Médias
Empresas (CPPME) realizou recentemente reuniões na Baixa e no Chiado com o
Comércio Local e a Restauração, onde foram levantadas questões relevantes
acerca das políticas autárquicas e governamentais, que urge V. Ex.ªs resolverem
com toda a urgência.
Há que valorizar e apoiar este imenso tecido
empresarial da cidade de Lisboa, capital do País.
Nesse sentido, vimos desta forma apresentar-vos as
questões mais gritantes e preocupantes que afligem o Comércio Local e a
Restauração na Baixa e no Chiado, que são as seguintes:
2.
As
vendas tiveram um decréscimo de 40/50%, relativamente há 4 ou 5 anos a esta
parte.
3.
A
carga fiscal atingiu uma situação insustentável (com o agravamento dos
seguintes impostos: IVA, IRC, IRS, PEC e IMI).
4.
As
novas regras de facturação, impostas no início do ano, têm obrigado os
empresários a grandes investimentos, muitas vezes incomportáveis com o volume
de negócio.
5.
O
estacionamento é escasso e escandalosamente caro.
6.
A
sujidade das ruas coloca em causa a saúde pública e a segurança dos cidadãos.
7.
Parte
significativa do transporte público passou para subterrâneo, alterando
circuitos tradicionais de passagem dos cidadãos.
8.
A
deslocalização de serviços públicos. Por exemplo: um comerciante da rua Ivans,
refere a saída do Tribunal da Boa Hora, o Governo Civil, a Rádio Renascença, a
Caixa Geral de Depósitos, Companhia de Seguros, etc.; Outro empresário da
Trindade, refere as escadinhas do Duque outrora cheia de negócio hoje a
atravessar grandes dificuldades; outro na Baixa refere que a Rua da Prata está
praticamente morta de actividade económica.
9.
Os
roubos são uma constante, mesmo em pleno dia. Lojas, empresários,
trabalhadores, turistas, idosos são vítimas sistemáticas da insegurança actual.
10. A polícia (PSP, ASAE, Polícia Municipal)
anda todos os dias numa constante e inefável “caça à multa” quer no
estacionamento, quer junto dos estabelecimentos sempre que qualquer pequeno
detalhe não esteja em harmonia com o legislado. Por exemplo: uma simples falha
de afixação do cartaz “Faça queixa de nós” poder implicar uma coima de 3.500
euros, o mesmo acontece com o cartaz do “Livro de Reclamações”.
11. Enquanto as polícias estão
mobilizadas a tempo inteiro para a “caça à multa” os assaltantes exercem a sua
ilícita e criminosa actividade tranquilamente e sem grandes obstáculos, em
grupos organizados ou indivíduos isolados. As queixas das vítimas às
autoridades normalmente são arquivadas.
12. Os contractos de arrendamento
comercial, com 20 e 30 anos, em resultado da aplicação da nova Lei de Arrendamento
estão a passar todos para 5 anos. Decorridos os 5 anos resta-lhe o despejo, se
esta Lei se mantiver em vigor.
13. As novas rendas estão a sofrer um
brutal aumento, dado aplicar-se o 1/15, com base na actualização patrimonial de
imóveis. Precisamente numa altura em que se verifica uma profunda recessão
económica, uma drástica quebra no consumo e na carteira de encomendas.
14. As companhias de Seguros, Bancos e
Fundos Imobiliários proprietários de muitos prédios na Baixa e no Chiado,
detentoras de projectos de obras profundas já aprovados pelo Município, estão a
aproveitar a nova Lei para primeiro pedirem aumento das rendas e, num segundo
momento, avançarem com o despejo. O dono de negócio é posto na rua (sem apelo
nem agravo), tendo direito apenas a uma indeminização de miséria (12 meses).
15. Os Micro e Pequenos Empresários da
Baixa e do Chiado manifestam-se favoráveis à revitalização e recuperação dos
prédios degradados. Contudo, a sua preocupação fundamental prende-se com o
facto de a nova Lei de Arrendamento, dar todo o poder ao senhorio. Estão
preocupados com as consequências económicas e sociais resultantes da expulsão
da sua actividade económica, do seu posto de trabalho e dos trabalhadores a seu
cargo, desta forma tão brutal e desumana. Nunca em Portugal existiu uma Lei
como esta, que não permite o contraditório entre as parte. A vontade do
senhorio é unilateral. Tudo indica que a reabilitação urbana pretendida visa
fundamentalmente favorecer os grandes grupos económicos.
Exmos
Senhores:
Primeiro-Ministro
e Presidente da Câmara Municipal de Lisboa
Os problemas existentes são complexos mas têm solução.
Certos de que as questões colocadas merecerão a melhor
atenção de V. Exªs,
Aguardamos resposta e,
Subscrevemo-nos com os melhores cumprimentos.
Seixal, 18 de Março de 2013
A Direcção da CPPME
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