Insolvências
versus criação de novas empresas!
O Governo e as suas
caixas-de-ressonância, nos media, têm, nos últimos tempos, propagandeado o
número de novas empresas criadas, em comparação com o número de insolvências
verificadas, no mesmo período de tempo.
A CPPME crê que estas entidades estão
a tratar esta situação de ânimo leve, de forma ligeira, sem se darem ao
trabalho de analisar o fenómeno com seriedade, ou seja, indo ao fundo da
questão em causa.
Na verdade, nos últimos anos, temos
estado sob pressão do tão propalado «empreendedorismo»,
como se a chaga do desemprego se resolvesse empurrando para empresário toda a multidão
de desempregados que o País actualmente apresenta.
Diz o Governo que no terceiro
trimestre de 2013 a criação de novas empresas subiu em 12,2% e que os
encerramentos recuaram 18% e as insolvências baixaram 6,4%. Que as empresas
criadas entre Janeiro e Setembro de 2013 são mais 16,4% (cerca de 27.600),
sendo que as empresas encerradas, no mesmo período, são 6.600.
Ora, sobre a demografia das empresas,
os dados oficiais conhecidos indicam que, desde 2006, a taxa de sobrevivência
ao fim de dois anos, das empresas não financeiras, tem vindo a baixar, tendo
alcançado em 2009 o valor de 48,74%. Isto significa que ao fim de dois anos
51,16% das empresas tinha morrido.
Provavelmente, estes dados terão uma
tendência substancialmente agravada em 2011/12/13, pelas razões conhecidas: carga
fiscal exagerada, recessão económica, baixa do poder de compra, créditos a
juros e spreads insuportáveis, diminuição da procura no mercado interno, etc.
Ou, ainda, os custos de produção derivado dos valores exageradamente elevados
do preço da electricidade.
É por tudo isto que, importa ter
presente a falsidade que pode ser a linha política e ideológica do Governo de,
a todo o custo, empurrar os desempregados para o «empreendedorismo», como saída profissional futura.
Aos micro, pequenos e médios
empresários chegam e saem, todos os dias, muitos portugueses vítimas das
políticas erradas do Governo. Muitos destes não chegam da melhor maneira nem
sequer têm espírito empresarial. São
conhecidas muitas empresas que encerraram as suas portas, com 20, 30 ou mais
trabalhadores e, muitas dezenas destes trabalhadores que caiem no desemprego
procuraram criar a sua empresa, daí os números que o Governo pretende
apresentar como uma vitória das suas políticas. Contudo, o que interessa saber
é se essas novas empresas conseguem ou não sobreviver nas condições actuais da
nossa economia. Na maior parte dos casos trata-se de empresas que nascem e
morrem como cogumelos, sendo que as que resistem todas juntas não atingem no
geral o volume de negócios anual que tinha as que encerraram e deram origem ao
nascimento das novas empresas.
O que na verdade se verifica são os
estabelecimentos comerciais, da restauração e serviços vazios, as zonas
comerciais das cidades desertas e a ausência de uma indústria robusta que dê
sustentabilidade a uma económica nacional dinâmica e moderna.
Na actualidade, face à
insustentabilidade da maior parte do tecido empresarial português, fruto da
retracção do mercado interno, da forte baixa do poder de compra dos portugueses
e da brutal carga fiscal, desafiamos o Governo a responder às seguintes
questões:
1.
Onde estão e o que fazem essas novas
empresas?
2.
É ou não verdade que a maioria destas
empresas tem menos de 5 000 euros de capital?
3.
Quantos postos de trabalho criaram a
mais as novas empresas relativamente às que encerraram?
4.
Quantas resistem e quantas vão ficar
pelo caminho, logo no primeiro e segundo ano de vida?
A
CPPME está convicta de que este não é o caminho para a saída da crise, até
porque a maioria destes novos «empreendedores»
acabam por gastar o dinheiro que receberam e ficam endividados e com a vida de
pernas para o ar, muitas vezes, para o resto da sua existência.
Por
tudo isto, a CPPME insiste nas propostas
que tem apresentado ao Governo e ao Parlamento como alternativa à política de
destruição do tecido produtivo e da economia nacional.
Seixal,
07 de Novembro de 2013
O Executivo
da Direcção da CPPME
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