segunda-feira, 12 de janeiro de 2015

Intervenção do Coordenador do Núcleo de Sintra da CPPME, na Reunião do Conselho Estratégico Empresarial de Sintra (CEE), dia 11 Dezembro 2015, sobre Fundos Comunitários 2014-2020

Exmo Senhor
Presidente do Conselho Estratégico Empresarial de Sintra (CEE)
Exmo Senhor
Presidente da Câmara Municipal de Sintra
Restantes Membros do CEE

FUNDOS COMUNITÁRIOS 2014-2020

Em primeiro lugar gostava de vos informar que a CPPME teve reuniões com o Ministro Adjunto e do Desenvolvimento Regional (Miguel Poiares Maduro) e com o Ministro da Economia (António Pires de Lima) para tratar, entre outros assuntos, de questões ligadas aos próximos Fundos Comunitários 2014-2020.
Constáctamos que se verificam grandes atrasos na publicação dos Regulamentos e não obtivemos a garantia de que os futuros apoios serão segmentados por Micro, Pequenas e Médias Empresas. Estes dados deixam-nos muito preocupados, e tememos que aconteça o mesmo que aconteceu nos Quadros Comunitários anteriores. A maior parte dos Fundos Comunitários dirigiram-se a um número muito reduzido de empresas e a esmagadora maioria das Micro e Pequenas Empresas receberam pequenas migalhas.
É urgente a alteração da norma estabelecida que incapacita à partida a maioria das mico e pequenas empresas tributadas por métodos indiciários e coletas mínimas (exemplo do Pagamento Especial por Conta - PEC e Regime Simplificado - RS) de se candidatarem a Fundos Comunitários e a outros benefícios, ficando assim excluídos dos apoios.
Com o decorrer do tempo a situação tende a agravar-se. Estamos praticamente no fim do ano e como se sabe a aplicação do novo Quadro Comunitário de Apoio, agora designado de Portugal 2020, que devia entrar em vigor no passado dia 1 de Janeiro, continua envolta em grande nevoeiro.
Segundo informação disponível, como díziamos atrás, os Regulamentos poderão vir a ser publicados só lá para Fevereiro ou Março do próximo ano e, os critérios de aplicação dos Fundos destinados à MPME (cerca de 25% dos Fundos, 6.200 milhões de euros), tudo indica, continuarão a previligiar as grandes empresas e os grandes grupos ecomnómicos (uma ínfima percentagem), em detrimento das Micro e Pequenas Empresas, sendo que estas correspondem a 99% do tecido empresarial nacional (a esmagadora maioria).
Ainda neste período, a CPPME apresentou aos Grupos Parlamentares e ao Governo uma importante proposta sobre áreas tão importantes como: medidas Fiscais; Crédito; Custos Fixos e de Contexto; revogação da Lei do Arrendamento Comercial; Apoio Social; e, Fundos Comunitários 2014-2020. Proposta que enviámos ao senhor Presidente do CEE e pedimos que fosse destríbuida por todos os membros do CEE.
Infelizmente, a maioria governamental e parlamentar não atendeu, praticamente, nenhuma das propostas, o que quer dizer que o Governo continua a atacar ferozmente os Micro e Pequenos Empresários.
O ponto da situação é muito claro: desde há mais de um ano que o Governo e seus prosélitos têm percorrido o País fazendo propaganda da chuva de milhões de euros que virão, mas até agora o resultado prático não tem sido nenhum. Este atraso é dramático.
Posto isto, gostaríamos de deixar algumas preocupações relativamente aos últimos desenvolvimentos do novo Quadro Comunitário de Apoio, recordando que tendo entrado em vigor no dia 1 de Janeiro deste ano, tudo continua muito confuso.
PORTUGAL 2020
O Governo, tal como em sitações anteriores (I, II, III, IV Quadro Comunitários de Apoio - QCA), há muitos meses que enche a boca de Fundos Comunitários.
Mesmo se falarmos da Região de Lisboa e, em concreto, do “Portugal 2020 – PORLisboa”, podemos falar de um bolo de cerca de 833,3 milhões de euros (FEDER 622,6 milhões de euros – FSE 210,7 milhões de euros), distríbuidos da seguinte forma:
·         do Eixo 1, “Reforçar a investigação, o desenvolvimento tecnológico e a inovação” – 171.710.983 euros;
·         do Eixo 2, “Reforçar a Competitividade das PME” – 202.713.177 euros;
·         do Eixo 3, “Apoiar a transição para uma economia com baixas emissões de carbono em todos os sectores” – 55.000.000 euros;
·         do Eixo 4, “Preservar e proteger o ambiente e promover a utilização eficiente dos recuros” – 15.000.000 euros;
·         do Eixo 5, “Promover a sustentabilidade e a qualidade do emprego e apoiar a mobilidade dos trabalhadores” – 74.010.864 euros;
·         do Eixo 6, “Promover a inclusão social e combater a pobreza e a discriminação” – 129.000.000 euros;
·         do Eixo 7, “Investir no ensino, nas competências e na aprendizagem ao longo da vida” – 97.629.523 euros;
·         do Eixo 8, “Desenvolovimento urbano sustentável” – 74.000.000 euros;
·         do Eixo 9, “Assitência técnica (gestão do programa operacional)“ 24.270.000 euros.
Indepentemente de alguns títulos pomposos e de duvidosa utilidade e eficácia, o que nos interessa saber na verdade é: quanto é que o concelho de Sintra vai receber dos 833,3 milhões de euros, quais o critérios e condições de atribuição e quem os vais receber.
A esta magana questão, pelos vistos, ninguém sabe responder! Ora este é o problemas central!
Entretanto, importa ter bem presente que Portugal:
·         Vai receber 26 mil milhões de euros de Fundos Europeus, entre 2014-2020.
·         Mas vai pagar, no mesmo período, 60 mil milhões de euros só de juros, repito só de juros!
·         E falta-nos saber quanto temos de pagar, da contribuição do Estado Portugês como membro da União Europeia, para depois receber os 26 mil milhões.

Por outro lado,
A meta do Governo para o investimento, em 2020, é 18% do PIB,! Isto é, um valor inferior, a todos os valores das últimas décadas.
O Orçamento de Estado para 2015 fica-se por uns parcos 15,2% de investimento, inferior a todos os valores verificados desde 1995!
O OE para 2015 não contempla nenhum investimento para a Construção e Imobiliário. Portanto, para esta importante área da economia portuguesa, em 2015, não haverá a tão prometida recuperação.
Relativamente ao Banco de Fomento, de que o Governo anda a falar desde que tomou posse em 2011 e que é suposto ir distribuir os Fundos Comunitários, é bom ter presente que se trata de um saco cheio de nada para as Micro, Pequenas e Médias Empresas! Vão privilegiar-se os critérios financeiro-bancários, o mesmo é dizer que na intermediação, entre o Estado e a pequena empresa, vão estar dois bancos: o Banco de Fomento, como grossista, e um Banco Comercial, como retalhista!
Ora, quando não é fixado um plafond de volume de fundos para cada segmento empresarial, micro, pequenas, médias e grandes, é certo e sabido que quem vai continuar a ficar com o grosso do Fundos serão as grandes empresas e o capital estrangeiro, sobrando umas migalhas para as Micro, Pequenas e Médias Empresas!
Os últimos dados fornecidos pelo INE, mostram uma degradação generalizada dos indicadores do tecido económico, particularmente das Micro, Pequenas e Médias Empresas.
Por exemplo, se a Produtividade do Trabalho, sóbe (pouco) nas Grandes Empresas, graças à redução de postos de trabalho, engrossando o desemprego, nas Micro, Pequenas e Médias Empresas, o grosso do tecido económico nacional, cai 12,4%!
Verifica-se a degradação generalizada dos rácios económicos e financeiros nas Micro Pequenas e Médias Empresas. Mas mesmo nas Grandes Empresas (não financeiras), os dados do primeiro semestre, mostram desequilíbrios financeiros preocupantes – mais de 50% dos resultados financeiros eram para pagar juros (nalgumas da Construção Civil gastavam-se 75%).
Isto é, trabalhou-se para os credores. E ainda não tinha acontecido o cataclismo do BES.
Só para ter uma pequena ideia do que é na prática a tão propagandeada recuperação evocada pelo Governo, em Agosto, o crédito malparado das famílias e empresas, atingiu recordes.
Acresce que recentemente foi aprovado o Regime Jurídico de Acesso e Exercício de Actividades do Comércio e Serviços, que liberaliza completamente estes sectores, deixando o comércio local de proximidade totalmente desprotegido face ao poder esmagador das grandes superfícies.
E, com se soube recentemente, o comércio a retalho continua em linha descendente, o que são sinais inequívocos de uma situação estagnada, senão recessiva!
Perante esta preocupante e grave realidade, talvez o mais importante será discutirmos que medidas devem ser tomadas no sentido de garantir o investimento produtivo, a criação de empregos sustentáveis, a melhoria do poder de compra dos sintrenses e dos portugueses em geral, com vista à dinamização do mercado interno.

Por último, a CPPME propõe que o mais rápido possível o CEE e o Município elaborem e apresentem um documento, com as verbas concretas que o PORLisboa disponibiliza para o concelho de Sintra,  com propostas e meios financeiros concretos e realistas.
Muito obrigado pela atenção dispensada!
António Damasceno
Coordenador do Núcleo de Sintra da CPPME

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