BES
Reflexos
nas Micro, Pequenas e Médias Empresas
A CPPME - Confederação Portuguesa das
Micro Pequenas e Médias Empresas, acaba de ser alertada para os reflexos
preocupantes, consequentes da gestão danosa do BES e GES, na vida já muito
difícil das MPME.
Dois exemplos paradigmáticos ilustram
a total ausência de princípios éticos, do capital e dos poderes que o suportam,
na relação que estabelecem com a micro e a pequena unidade económica.
Efectivamente foi possível que uma
micro empresa a quem o BES concedeu, contra garantias, a abertura de uma conta
corrente caucionada de 20 000 euros, e uma outra que sendo pequena tem uma
conta corrente caucionada em outro banco, tenham sido, cada uma por si,
aliciadas para investirem as verbas disponíveis no aumento de capital a que o
BES, então, procedia, sob as bênçãos, não do Espírito Santo, mas sim, dos
testemunhos de solidez e risonha expectativa de gerar rentáveis negócios, no
futuro, que solene, empenhada e afanosamente, o Governo e o Banco de Portugal,
atribuíam, com estranha oportunidade, ao Banco Espírito Santo.
Concluído o aumento de capital do BES,
o Banco de Portugal pôde, apressadamente, anunciar que as acções passavam a
valer zero, mas a obrigação de pagamento das contas correntes caucionadas, obviamente,
se manteria.
Para a CPPME pequenas e grandes
empresas, accionistas das empresas cotadas na bolsa, correm sempre o risco de
perder ou ganhar em função da evolução dessas empresas. Não é, no entanto,
licito que aos investidores accionistas de uma empresa lhes seja dito, sem que
exista falência declarada, que perderam tudo o que aplicaram, retirando-lhe o
activo e deixando-lhe o passivo. No entender da CPPME eles são accionistas em
tudo, ou seja, no passivo e no activo.
Veio entretanto, neste bem lusitano
processo, a CMVM lançar mais perplexidade quando diz haver indícios de ter
existido informação privilegiada aos grandes accionistas o que lhes terá
permitido tomar medidas para minorar as perdas.
De uma coisa tem a CPPME a certeza -
aos pequenos accionistas do folclórico e designado, pelo sistema, “capitalismo
popular”, engodo de que o capital se vem servindo, essa informação não chegou.
Conforme "lei vigente",
entalados, pela impunidade dos "poderosos", ficarão muitos milhares
de pequenos empresários que, à mercê de todos os reflexos negativos
consequentes, dificilmente poderão resistir a uma morte anunciada.
A CPPME é da opinião que esta bizarra
medida do Banco Novo e Banco Mau, sem nexo, emanada de uma orientação da
desorientada UE, obedientemente posta em prática, pelo Governo e Banco de
Portugal, tem, previsivelmente, consequências nefastas para a economia
Nacional. Resta a convicção animadora de que os tiros nos pés, que o capitalismo
insaciável vem dando, resultem em demonstração evidente de que os povos não têm
de suportar por mais tempo, com os seus impostos e cortes nos seus rendimentos,
a devassa e os buracos gerados pelos, ainda, impunes e protegidos especuladores
financeiros.
A CPPME exorta os MPME, apanhados
nesta teia, a associarem-se para reclamar contra mais este assalto e para
defenderem os seus interesses de classe que não são, de certeza, os mesmos da
família Espirito Santo, nem os das políticas económicas e financeiras vigentes.
Seixal, 13 de Agosto de 2014
O Executivo da
Direcção da CPPME
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