quinta-feira, 14 de agosto de 2014



BES

Reflexos nas Micro, Pequenas e Médias Empresas



A CPPME - Confederação Portuguesa das Micro Pequenas e Médias Empresas, acaba de ser alertada para os reflexos preocupantes, consequentes da gestão danosa do BES e GES, na vida já muito difícil das MPME.

Dois exemplos paradigmáticos ilustram a total ausência de princípios éticos, do capital e dos poderes que o suportam, na relação que estabelecem com a micro e a pequena unidade económica.

Efectivamente foi possível que uma micro empresa a quem o BES concedeu, contra garantias, a abertura de uma conta corrente caucionada de 20 000 euros, e uma outra que sendo pequena tem uma conta corrente caucionada em outro banco, tenham sido, cada uma por si, aliciadas para investirem as verbas disponíveis no aumento de capital a que o BES, então, procedia, sob as bênçãos, não do Espírito Santo, mas sim, dos testemunhos de solidez e risonha expectativa de gerar rentáveis negócios, no futuro, que solene, empenhada e afanosamente, o Governo e o Banco de Portugal, atribuíam, com estranha oportunidade, ao Banco Espírito Santo. 

Concluído o aumento de capital do BES, o Banco de Portugal pôde, apressadamente, anunciar que as acções passavam a valer zero, mas a obrigação de pagamento das contas correntes caucionadas, obviamente, se manteria.

Para a CPPME pequenas e grandes empresas, accionistas das empresas cotadas na bolsa, correm sempre o risco de perder ou ganhar em função da evolução dessas empresas. Não é, no entanto, licito que aos investidores accionistas de uma empresa lhes seja dito, sem que exista falência declarada, que perderam tudo o que aplicaram, retirando-lhe o activo e deixando-lhe o passivo. No entender da CPPME eles são accionistas em tudo, ou seja, no passivo e no activo.

Veio entretanto, neste bem lusitano processo, a CMVM lançar mais perplexidade quando diz haver indícios de ter existido informação privilegiada aos grandes accionistas o que lhes terá permitido tomar medidas para minorar as perdas.

De uma coisa tem a CPPME a certeza - aos pequenos accionistas do folclórico e designado, pelo sistema, “capitalismo popular”, engodo de que o capital se vem servindo, essa informação não chegou.

Conforme "lei vigente", entalados, pela impunidade dos "poderosos", ficarão muitos milhares de pequenos empresários que, à mercê de todos os reflexos negativos consequentes, dificilmente poderão resistir a uma morte anunciada. 
                                                                    
A CPPME é da opinião que esta bizarra medida do Banco Novo e Banco Mau, sem nexo, emanada de uma orientação da desorientada UE, obedientemente posta em prática, pelo Governo e Banco de Portugal, tem, previsivelmente, consequências nefastas para a economia Nacional. Resta a convicção animadora de que os tiros nos pés, que o capitalismo insaciável vem dando, resultem em demonstração evidente de que os povos não têm de suportar por mais tempo, com os seus impostos e cortes nos seus rendimentos, a devassa e os buracos gerados pelos, ainda, impunes e protegidos especuladores financeiros.                
                 
A CPPME exorta os MPME, apanhados nesta teia, a associarem-se para reclamar contra mais este assalto e para defenderem os seus interesses de classe que não são, de certeza, os mesmos da família Espirito Santo, nem os das políticas económicas e financeiras vigentes.

Seixal, 13 de Agosto de 2014

O Executivo da Direcção da CPPME

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