Responsabilizar o
Ministério das Finanças
pela certificação de programas de
facturação
O Secretário de Estado dos Assuntos Fiscais,
Paulo Núncio, emitiu um despacho em que determina a revogação do certificado do
programa de facturação iECR, com o nº 1194, alegando que “existem fundados indícios de utilização fraudulenta do referido
programa e o mesmo não cumpre os requisitos de certificação legalmente
previstos”. Acrescenta ainda a nota da Autoridade Tributária e Aduaneira
(AT) “Os sujeitos passivos que possuam
este programa devem cessar de o utilizar a partir de hoje, para todos os
efeitos legais”.
O
despacho é do dia 24 de Abril de 2014, sexta-feira, que antecede um
fim-de-semana, estando os sujeitos passivos impossibilitados de adquirir um
novo programa.
Logo no dia 29 de Abril, a AT através da
Inspeção Tributária e Aduaneira (ITA) por incrível que pareça, realizou “uma operação nacional de larga escala, de
norte ao sul do país, para combater a fraude na utilização de programas de
facturação certificados” designada de «Operação
Factura Suspensa», concretizada com “sucesso”!, que referia terem sido
inspecionados 178 estabelecimentos comerciais, designadamente nos sectores do
comércio a retalho, restauração, cabeleireiros e comércio de relógios e de artigos
de ourivesaria e joalharia.
Assim
e por Despacho do Sr. Secretário de Estado, um sistema certificado pela
Autoridade Tributária até ao passado dia 23, perdia a sua certificação no dia
24.
A
CPPME com a autoridade de quem sempre defendeu o combate à fraude e à evasão
fiscal, e qualquer actividade económica ilícita, considera que o Ministério das
Finanças mais uma vez tem de assumir as suas obrigações e reconhecer que é o
primeiro responsável por esta situação e não os comerciantes que adquiriram um
Programa de Facturação Certificado pela AT.
Porque é legítima a perplexidade e oportuno
perguntar: como podem as empresas, a
partir de agora, confiar nos sistemas que atualmente estão certificados pelo
governo Português?
Num
contexto de grave crise económica e social, e com as opções políticas do
governo em beneficiar fiscalmente as grandes empresas nacionais e
transnacionais, a especulação financeira e a distribuição de dividendos, o
Governo insistem em campanhas amplamente divulgadas na comunicação social de
responsabilização das micro e pequenas empresas do sector do comércio pelos
fracassos das suas próprias políticas.
Os
micro, pequenos e médio empresários são cumpridores das suas obrigações
tributárias e fiscais. Sendo que, estando sujeitos a custos financeiros
sucessivos de actualização de programas informáticos de facturação, mesmo que
algum sujeito passivo tenha sido «apanhado» neste quadro de oportunismo e
fraude, não é justo lançar o anátema sobre a esmagadora maioria dos MPME que
honestamente e com muito esforço desenvolvem as suas actividades económicas.
Assim,
a CPPME exige que com urgência o Governo
assuma medidas concretas de protecção, que permitam que as micro e pequenas
empresas, que tenham sido proibidos de utilizar o programa iECR, sejam
ressarcidos dos custos e prejuízos provocados por programas informáticos de
facturação, aprovados e licenciados pela Autoridade Tributária e Aduaneira.
Seixal, 06 de Maio de 2014
O
Executivo da Direcção da CPPME
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