quinta-feira, 14 de novembro de 2013

Insolvências versus criação de novas empresas!

O Governo e as suas caixas-de-ressonância, nos media, têm, nos últimos tempos, propagandeado o número de novas empresas criadas, em comparação com o número de insolvências verificadas, no mesmo período de tempo.

A CPPME crê que estas entidades estão a tratar esta situação de ânimo leve, de forma ligeira, sem se darem ao trabalho de analisar o fenómeno com seriedade, ou seja, indo ao fundo da questão em causa.

Na verdade, nos últimos anos, temos estado sob pressão do tão propalado «empreendedorismo», como se a chaga do desemprego se resolvesse empurrando para empresário toda a multidão de desempregados que o País actualmente apresenta.

Diz o Governo que no terceiro trimestre de 2013 a criação de novas empresas subiu em 12,2% e que os encerramentos recuaram 18% e as insolvências baixaram 6,4%. Que as empresas criadas entre Janeiro e Setembro de 2013 são mais 16,4% (cerca de 27.600), sendo que as empresas encerradas, no mesmo período, são 6.600.

Ora, sobre a demografia das empresas, os dados oficiais conhecidos indicam que, desde 2006, a taxa de sobrevivência ao fim de dois anos, das empresas não financeiras, tem vindo a baixar, tendo alcançado em 2009 o valor de 48,74%. Isto significa que ao fim de dois anos 51,16% das empresas tinha morrido.

Provavelmente, estes dados terão uma tendência substancialmente agravada em 2011/12/13, pelas razões conhecidas: carga fiscal exagerada, recessão económica, baixa do poder de compra, créditos a juros e spreads insuportáveis, diminuição da procura no mercado interno, etc. Ou, ainda, os custos de produção derivado dos valores exageradamente elevados do preço da electricidade.

É por tudo isto que, importa ter presente a falsidade que pode ser a linha política e ideológica do Governo de, a todo o custo, empurrar os desempregados para o «empreendedorismo», como saída profissional futura.

Aos micro, pequenos e médios empresários chegam e saem, todos os dias, muitos portugueses vítimas das políticas erradas do Governo. Muitos destes não chegam da melhor maneira nem

sequer têm espírito empresarial. São conhecidas muitas empresas que encerraram as suas portas, com 20, 30 ou mais trabalhadores e, muitas dezenas destes trabalhadores que caiem no desemprego procuraram criar a sua empresa, daí os números que o Governo pretende apresentar como uma vitória das suas políticas. Contudo, o que interessa saber é se essas novas empresas conseguem ou não sobreviver nas condições actuais da nossa economia. Na maior parte dos casos trata-se de empresas que nascem e morrem como cogumelos, sendo que as que resistem todas juntas não atingem no geral o volume de negócios anual que tinha as que encerraram e deram origem ao nascimento das novas empresas.

O que na verdade se verifica são os estabelecimentos comerciais, da restauração e serviços vazios, as zonas comerciais das cidades desertas e a ausência de uma indústria robusta que dê sustentabilidade a uma económica nacional dinâmica e moderna.

Na actualidade, face à insustentabilidade da maior parte do tecido empresarial português, fruto da retracção do mercado interno, da forte baixa do poder de compra dos portugueses e da brutal carga fiscal, desafiamos o Governo a responder às seguintes questões:

1.      Onde estão e o que fazem essas novas empresas?
2.      É ou não verdade que a maioria destas empresas tem menos de 5 000 euros de capital?
3.      Quantos postos de trabalho criaram a mais as novas empresas relativamente às que encerraram?
4.      Quantas resistem e quantas vão ficar pelo caminho, logo no primeiro e segundo ano de vida?
A CPPME está convicta de que este não é o caminho para a saída da crise, até porque a maioria destes novos «empreendedores» acabam por gastar o dinheiro que receberam e ficam endividados e com a vida de pernas para o ar, muitas vezes, para o resto da sua existência.

Por tudo isto, a CPPME insiste nas propostas que tem apresentado ao Governo e ao Parlamento como alternativa à política de destruição do tecido produtivo e da economia nacional.

Seixal, 07 de Novembro de 2013

O Executivo da Direcção da CPPME

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